27 de ago. de 2010

Sétimo dia - Varanasi

VARANASI: BENVINDOS AO INFERNO


8 de agosto, domingo - o dia comeca cedo, 5:30 estamos pegando o barco em um grupo de 13 pessoas. O guia, um jovem de 19 anos, que se diz BUSINESMAN e querendo se aparecer comeca a explicar sobre Varanasi enquanto vemos o nascer do sol de dentro do barco. Primeiro seguimos o rio e logo avistamos um corpo flutuando na beira do rio. Aí ele explica que apenas um lado de Varanasi e' ocupado, porque é a parte mais alta da cidade e que na época das monções o outro lado é inundado com a alta do rio. Lá também vão parar os corpos das pessoas e animais que são atirados nos rios.
                                                           O outro lado de Varanasi
Nascer do sol as 6 da manha.

Então nos explicou o guia que: apenas homens e mulheres normais são cremados porque são impuros. Crianças, deficientes, leprosos, mulheres grávidas são atirados no rio amarrados com uma pedra para afundar, porque estes são considerados seres puros. Os deficientes, acreditam eles que foram tocados pelos deuses, e por isso são seres especiais.


Ao passar pelo Manikarnika Ghat, avistamos quatro locais diferentes para cremar os corpos, um central, dois logo abaixo nos lados esquerdo e direito, e um ao final, na lama. Alí estão sendo representados as hierarquias das pessoas que serao cremadas. O mais rico, de uma casta superior será cremado acima, e ao final, lá embaixo, da casta inferior. Nao e' permitido tirar fotos deste Ghat por respeito as familias. Neste local, parece ponto de encontro, pessoas assistem aos corpos cremando, conversam, tomam cha' (chai) enquanto as lenhas do fogo eterno (segundo eles, ha' mais de 3000 anos e' o mesmo fogo utilizado para cremar os corpos) queimam aos cuidados dos "intocaveis", a mais baixa casta, que cuidam dos corpos para que depois as familias atirarem as cinzas no rio.


Vaca morta flutuando no Rio Ghanges

O principal motivo para morrer em Varanasi e' para encerrar o ciclo de reencarnações, segundo o hinduismo. Morrendo em Varanasi é a garantia de que não iram mais voltar a viver como nenhum tipo de ser vivo.

Próximo ao Manikarnika Ghat estão os prédios aonde os idosos esperam para morrem, em condicoes deploraveis, chamados de enfermarias. Algumas pessoas se dizem enfermeiros destes locais como desculpa para pedir dinheiro.
O tour acaba duas horas depois, mas antes o guia quis dar uma exibição querendo tomar a água do rio para provar que com ele não aconteceria nada, mas dissemos que não seria necessário. E'claro que quem cresceu ali, e além de tomar banho, bebe desta agua, terá anticorpos, mas ao turista que recém chegou, não creio que seria o ideal disfrutar desta água.

Neste tour consegui visualizar o que e' o Ghanges para os indianos. A melhor definição e' de uma praia para os indianos, local de entretenimento, porém tambem se usufrui para tomar banho, lavar a roupa e escovar os dentes nestas aguas. O mesmo local que as pessoas se divertem, e’o local que se despede dos familiares que se foram e também aonde se cumpre promessas após longas marchas caminhando até coletar a água do rio e despejar em uma estátua num templo.


E' o local em que várias pessoas vem pedir por chuvas e caminham quilometros desde suas casas para pegar um pouco de água para levar ao templo e de la' despejar numa lingam para pedir chuva aos deuses.

Atrasados, nos encontramos com os guias, um rapaz de 19 anos e outro de 14, que nos levaram a vários templos, nada impressionante, pelas ruas de Varanasi num calor infernal. Também nos levaram a um restaurante que tinha uma comida horrível (que os guias iriam ganhar comissão) e finalmente levaram a um alfaiate porque o casal de mexicanos queria se casar ao estilo hindu.

Neste dia os meninos ganharam o mes, considerando às comissões de restaurante e loja, mais o serviço. O combinado era pagar a eles 700 rúpias total, mas como estavamos em 13, decidimos pagar 100 rúpias cada um para eles. Eles, ao ver contar o dinheiro, não prestavam atenção no que falávamos, os olhos estavam apenas no dinheiro, como se eles tirassem os olhos dali seriam trapaceados. Após pagar um 700 e o outro 600, eles pediram que se no hotel perguntassem algo, que dissessemos que haviamos pago apenas 700 rupias. Assim e' a Índia.

Aos mexicanos restava esperar a roupa da festa do casamento (e pagar o Brama que os guias arranjaram) e eu, Javier e Ruth iríamos ao maior Ghat para assistir a uma cerimonia religiosa que ocorria durante o mes de agosto.Nada em especial, parecia uma apresentação para turistas, sem demonstração de fe', apenas uns rostos jovens dançando.

Ao retornar, já totalmente escuro e usando lanternas para reencontrar o caminho, escorreguei e por uns 4 ou 5 degraus fui rolando até parar no ultimo degrau do ghat antes de cair no rio. A calça e a camisa já tinha certeza do destino: LIXO.

No dia seguinte viria mais surpresas...

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