11 de agosto, quarta-feira - saímos (Eu, Ruth e Javier) as 7 da manhã do hotel para a estação de onibus, para seguir viagem ate' Orcha. O onibus sai as 7:30 e a previsão era de deixar na estrada há 8 quilometros de Orcha e de lá pegar um tuk-tuk até a cidade. Ja' próximo da cidade, mas ainda distante do local para saltar do onibus, alguém (um indiano é claro) grita algo em hindi e eu num ataque de palhaçada resolvi responder berrando bem alto: ORCHA. Uma japonesa que estava em frente dá um salto e assustada começa desesperadamente a gritar: Orcha, Orcha, Orcha... Eu perdi a voz e não conseguia parar de rir da cara dela. Os meus amigos espanhóis tambem. Numa cena tragicomica, a japonesa vai perguntar ao motorista do onibus se era ja' Orcha e leva uma bronca e volta quietinha a sua poltrona. Dali adiante foram só risadas até chegar em Orcha.
Ao descer proximo a Orcha encontramos inúmeros tuk-tuks oferecendo o serviço de traslado até a cidade. Comecaram pedidno 300 rupias, mas como já tínhamos noção do preço, dissemos que pagaríamos apenas 60 rupias. Aí, outra espanhola que sequer havia nos dirigido a palavra quando tentamos comprimentá-la no onibus, veio com a maior cara de pau perguntando se queriamos dividir o tuk-tuk com ela e o marido. De cara os outros espanhóis (enfurecidos) disseram que não e seguimos caminhando pela pista em direção a cidade. Não deu um minuto, um tuk-tuk se voluntariou a levar-nos pelo preço por 60 rupias, ou seja R$3,00 por 8 quilometros. Subimos e percebemos que estes 8 quilometros foram excelente negócio pelo que pagamos.
Chegamos em Orcha e começamos a buscar um lugar. Fomos no primeiro hotel e a Ruth não gostou, fomos no segundo e eu tinha a certeza que mesmo pagando 400 rupias era um lugar descente e que valia a pena, mas ela ainda com a mentalidade do preço de Khajuraho, que saiu apenas 200 rupias num bom lugar, achava muito caro e queria procurar mais. Fomos a mais dois lugares, que nao agradaram a ninguem até que um rapaz de uma loja disse que havia um lugar por 200 rupias com excelente vista. Fomos até lá, na p.q.p., e depois de vinte minutos caminhando num sol de 35 graus com mala nas costas chegamos lá derretendo. O lugar era bom, bonito, mas a Ruth nao gostou do banheiro. Agora haviaum impasse, aonde ficar? Eu gostei do loca, achei que o preço estava excelente, mas a localização era horrível. Sugeri retornar ao segundo lugar, que havia sido o melhor e que eu faria toda a conversa para não parecer que estávamos nos rebaixando a eles.
Voltamos (depois de mais 20 minutos de caminhada no sol de torrar) e já de imediato perguntei na recepção se os dois quartos ainda estavam disponiveis por 350 e 400 rupias e ele confirmaram. "Entao passa a chave que aqui ficamos esta noite." Não deu nem tempo de eles querem tirarem sarro e já estavamos instalados.
Próxima parada: Fortaleza de Orcha. Por milagre começa a chover forte por uma hora, o que não acontecia há bastante tempo.
Palácio em que estão as melhores vistas e também o maior numero de indigentes na cidade
Depois que passou a chuva fomos a outro Palácio que era a construção mais alta da cidade. Infelizmente o local estava repleto de de mendigos habitando o lugar. Algumas pessoas que possuiam acesso pelas escadarias nos ofereceram um tour por 50 rúpias. Lá dentro viviam alguns moradores e era necessário subir umas escadarias escuras utilizando lanterna. Com receio de não saber o que poderia passar lá dentro, recusei. Javier e Ruth concordaram e de lá fomos buscar um local para jantar.
Peregrinos esperando a abertura do templo às 8 da noite para agradecer a chuva
Centro de Orcha
No caminho, Ruth tirava algumas fotos, e a maneira com que ela se abaixou, varios indianos ficaram olhando para suas nádegas. Não havia nada de mais, mas me pareceu estranho eles olhando, algo em torno de 10 a 13 homens (pessoas simples), até que um homem apareceu e disse algo em voz alta e em menos de um minutos eles se dispersaram.
Era muito estranha a cidade de Orcha porque NINGUÉM incomodava, NINGUÉM convidava para tomar chá, NINGUÉM forçava a visitar as lojas, NINGUÉM pedia esmola. Já havíamos notado que era terra de jagunços, alguns homens (que não eram policiais) passavam com algumas pistolas (da época do meu avo) e que dava a impressão que a cidade era dominada por algum poder paralelo, que coloca ordem na casa. Ficava muito claro que nao era a realidade da maior parte das cidades na Índia. Era muita tranquilidade para o turista, algo surreal para a Índia, mas melhor que o inferno de Varanasi.
Seguimos para o jantar. Não tive sorte com a água, e quando já tomava metade da minha garrafa, percebi que havia uma larva se mexendo lá dentro. Educadamente chamei o garçom e disse que não queria mais tomar água daquela garrafa, e e’ claro que ele não cobrou. Minha preocupacao à partir daquele momento era quando eu iria passar mal. Felizmente nos dias seguintes não me passou nada e acredito que criei alguns anticorpos graças a aquela água batizada..
À noite fomos ligar para Agra para tentar fazer reserva num hotel recomendado por outros espanhóis que háviamos conhecido em Varanasi, mas a qualidade das ligacoes telefonicas na Índia mais se parecem com comunicacao por radio de tanto chiado. O sotaque carregado do indiano falando ingles tambem não ajuda muito, e depois de tanto tentar, desistimos.
Ao sair do cybercafe, nos deparamos com uma cena que foi chocante. Inúmeros peregrinos (sempre vestidos de laranja, pois é sinal de que vem de fora),rolavam no chão, se levantavam, apontavam a jarra para o céu e se agachavam novamente, repetindo este movimento destes que saíram de casa até chegar ao templo, para agradecer a chegada da chuva. Chocava ver estas pessoas estao fazendo isso ha' dezenas de quilometros por algo impossível de comprovar a eficácia. Como provar que se sair de casa e rolar no asfalto por vários quilometros com uma jarra será possível agraciar aos deuses? Somente fé para motivar estas atitudes. Também soube neste dia que pelo menos uma vez ao ano o indiano deve ir em alguma peregrinação, o que demonstra a força da religião na vida destas pessoas.
Voltando ao hotel, uma garota jovem se voluntaria nos acompanhar e de pronto recusamos. A impressao que nos passou é que era uma prostituta, mas pelos traços físicos, não alcançava os 18 anos.
Dia seguinte seria a nossa peregrinação por mais lugares com mais confusões.
ahahahahahahahahah, muito boa esta história real. Fantástica mesmo.
ResponderExcluirNamaste,
Thunderbird/SP