29 de ago. de 2010

Décimo Terceiro dia - Taj Mahal

14 de agosto, sábado - 5:30 da manhã já estávamos a caminho do Taj Mahal, que ficava há 15 minutos caminhando do hotel. Para entrar no Taj Mahal, existem 3 possibilidades: Portal Oeste, Portal Leste e Portal Sul, porém apenas o portal Oeste abre às 6 da manhã, os outros à partir das 8 da manhã e todos fecham as 6 da tarde. Também várias pessoas me recomendaram que fosse cedo pois a quantidade de pessoas que visitam o Taj Mahal diariamente era impressionante, alguns milhares. Já pela manhã percebemos a multidão na fila para entrar. Antes compramos o ingresso por 750 rupias (algo em torno de R$35,00) para extrangeiros e 20 rupias (algo em torno de R$1,00) para indianos. Assim são as coisas na Índia, no Sri Lanka, Tailandia... Porém para o Taj Mahal não importa o quanto cobrem, estando lá', tem que pagar e desfrutar.

Havia escutado que exceto a vista do espelho d'agua no Taj Mahal, o resto era realmente nojento, com merda de vacas, lixo e crianças pedindo dinheiro. Felizmente isto deve ter chego aos ouvidos de alguém dentro do governo indiano, porque a imagem do Taj Mahal era totalmente diferente do que eu havia visto. Outro motivo para a excelente apresentação dos monumentos que pertenciam a lista dos Patrimonios da Humanidade na Índiaseria porque em Outubro a India iria receber o Common Wealth Games, algo semelhante aos Jogos Panamericanos.

Confesso que tinha muito preconceito com este monumento, sempre diziam que era tão lindo, era o monumento do amor, que era um sonho ver aquilo, etnre outras frases que sempre ouço das pessoas. Porém ao chegar la' constatei que é mais que tudo isso. O Taj Mahal está na minha lista dos lugares mais bonitos que visitei, junto com o Grand Canyon, Lake Tahoe, as Cataratas do Iguaçu, a vista do Corcovado no Rio de Janeiro, Angkor Wat no Camboja, a Muralha da China, O Buda Gigante em Leshan, na China; Ha Long Bay no Vietnam; a Ilha de Santorini na Grecia e a praça entre a Aya Sofia e a Mesquita Azul em Istambul.

Não farei mais comentários, deixando a voces a oportunidade de apreciar as fotos.



Vista do último andar do hotel que me hospedei


Turistas disputando um espaço para a melhor foto


Espelho d'água


Posição mais disputada para tirar fotos do Taj Mahal


A foto que todos tiram


        
                   
Brincando com as cores

    
A fachada

Eles pagam apenas 20 rúpias

Brincando com os portais



Brincando com o Taj

Vista do Taj Mahal desde o Forte Vermelho

Programa em familia


Saida Sul

Entramos às 6 da manha no Taj Mahal e saímos 10 da manhã.Valeu cada minuto lá dentro. Ainda neste dia fomos ao Forte Vermelho porque estava ao lado da estação de trem. Eu havia comprado meu bilhete de trem dois dias antes e estava confirmado, mas Javier e Ruth, que compraram na noite anterior, estavam sofrendo para confirmar pois estavam em lista de espera para Ajmer. Devido aos maus comentários sobre Jaipur e do excesso de assedio aos turistas, preferi saltar este destino e eles acabaram me seguindo.

8 da noite, horario do trem, e recebemos a informacao que o trem iria atrasar porque naquele dia houve um grande blecaute de energia e todos os trens estavam atrasados. Que maravilha, estávamos acordados desde às 5 da manhã e ainda levamos "sorte" de ter que ficar na estação de trem por mais tempo que gostaríamos. O trem chegou as 11:40 da noite, e esperamos sentados este tempo todo na estação, assistindo aos ratos correr pelos trilhos, a um policial dispersar uma multidão que queria tirar fotos conosco (que mais pareciam viagaristas), aguentar um menino que pedia comida insistentemente, mesmo após ter ganho uns doces que haviam dado para nós, ateé que outro policial fez sinal para ele circular.

Neste meio tempo, a tática era tentar trazer o maior número de turistas para nosso lado para fazer uma corrente. Conseguimos inicialmente com duas coreanas, que contavam o quando haviam enrolado elas ja'. Elas, de 20 anos viajavam sozinhas na India, mas era o PAPAI que pagava a conta. Um hotel de baixa categoria elas pagaram US$150 por uma noite em Delhi, sendo que elas conseguiram abaixar pois o primeiro preço ofertado era de US$600.

Depois, conhecemos a um casal de espanhóis que iria a Jaipur e ficaria no Sheraton por 75 euros, pois um amigo deles trabalhava para esta companhia. Eles contavam que queriam ficar no mesmo hotel Sheraton de Udaipur, mas la' como havia sido filmado um filme do James Bond, a tarifa era mais salgada, 700 euros por noite.

 Finalmente o trem chegou, e eu fui para a A/C 3 ou seja, vagão com ar-condicionado com tres camas em cada lado, e meus amigos espanhóisforam para o A/C 2. Estava combinado que quando chegássemos, eu iria buscá-los dentro da cabine deles.

E assim entrei no trem, subi no topo aonde estava minha cama, com o mesmo lençol sujo que a outra pessoa usufruiu a viagem naquela cama antes de mim, aproveitei para dormir e levantar as 6 da manhã quando cheguei em Ajmer.



28 de ago. de 2010

Décimo Segundo dia - Fatehpur Sikri

13 de agosto, sexta-feira - não estava nos planos ir a Fathpur Sikri na sexta-feira, mas como mas como o Taj Mahal fechava para turistas e ficava disponivel apenas para os muçulmanos, o jeito era conhecer Fatephur Sikri, uma pequena cidade ha' 40 quilometros de Agra, e que estava declarada Patrimonio da Humanidade. Saímos 10 da manha, pois ningu'em era de ferro. Devido ao lento serviço dos restaurantes de Agra, que em media levavam 1 hora para servir os pratos também não ajudava os turistas. Não era para menos, apenas dois fogareiros para preparar 15 pratos. À noite, para piorar, ainda cai a bleak-out, então não se pode esperar para esperar muita coisa. Se não bastaste, quando a eletricidade retorna,o dono do restaurante liga o som alto, a televisão, o dvd e todos os aparelhos eletronicos do local. Se não racionar, vai faltar...
Depois de alimentados, pegamos um onibus e fomos por 1 hora em uma estrada em linha reta mas com espaco para apenas um carro, porém deveria ser compartilhada em duas mãos. Por algumas vezes vi Jesus me chamando (ou Shiva, deus da destruição para os hindus).
Chegando lá, fomos direto a Mesquita Jama Masjid,localizada há 54 metros acima da parte baixa da cidade, mas sem antes ser incomodados por "chatos" que querem se oferecer de guia para levar aos lugares, em especial as lojas em que ganham comissão. Despachamos uns 3 até chegar na mesquita. Javier teve um bate-boca mais acalorado com outro que dizia que ele estava nervoso e ele retrucava que não, nervoso estava o indiano). Mas como eu precisava de um saron (especie de saia que os homens usam), pegamos um destes “chatos” para nos mostrar e me colocar um saron para eu poder entrar (eu estava com bermudas). Nos mostrou como tirar as melhores fotos da mesquita, as tumbas, mas como já era esperado, teríamos que aguentar a sessão de vendedores ambulantes.

Mesquita Jama Masjid

Saron

No primeiro, recusamos de cara, no segundo sentamos para comprar algo. Queriam que levasse duas peças por 1000 rupias, uma lamparina esculpida em pedra e um tartaruga esculpida em pedra. Depois de 15 minutos argumentando, paguei 300 rupias pelos dois. Mesmo sabendo que estava inflacionado o preço da peças, achei que foi bom negocio e hoje está decorando a sala de casa. Javier e Ruth gostaram de uma lamparina de 50 centimetros de altura, toda esculpida em uma peça de pedra, que diziam eles que era mármore branco. Ruth dizia que esta era muito cara, que queria de pedra normal, e eles insistiam que era melhor comprar a de mármore branco porque era o mesmo material que fizeram o Taj Mahal. Começaram a negociacao em 6000 rupias, mas ao final estavam ofertando 1200 rupias. Eles nao levaram. Quando voltavamos para a estação de onibus, um vendedor voltou a baixar o preço da lamparina para de 1200 e foi baixando de cem em cem até chegar em 700 rupias, mas já era tarde, eles haviam perdido a fé nos vendedores e desistiram de comprar devido a oscilação de preço.

Lamparina esculpida em pedra



Próxima parada : Palácio e Pavilhões de Fatehpur Sikri. Ingresso: 250 rupias; chateação de guias: NÃO TEM PREÇO.

Após passar pela bilheteria, o guia começou, venha por aqui que já vou explicar o palácio. Eu, num ataque de fúria controlado disse: "Com licença. Da mesma forma que voce tem o direito de oferecer o seu servico, eu tenho o direito de recusar. Então hoje gostaria de desfrutar com meus amigos apenas, sem nenhum guia. Reconheço seu trabalho, mas reconheça nosso direito de optar por ir sozinhos. Estamos num pais democratico e essa e' a nossa escolha." O guia emputeceu e gritando:"voces da Espanha tem muito dinheiro, é hora de compartilhar esta riqueza. É injusto o que voces estão fazendo comigo." E a tréplica minha para encerrar o bate-boca foi:" não sou espanhol. Venho de um país que é similar ao seu, e faço o que eu quero com meu dinheiro." E sentamos por 30 minutos debaixo da sombra da arvore para descansar e o guia foi a caça de outros turistas.

Para piorar, apesar de bem cuidado, o palácio não possuia informações suficientes sobre os espaços visitados, mas com um pouco de massa encefálica, poderia deduzir que é quase o mesmo filme, somente com diferentes cenarios: refeitório, dormintórios, pátio de audiencias públicas, pátio de audiencias privadas.



Pátio das Audiencias Públicas

Então, no pátio de audiencias públicas, em frente a um belissimo gramado, uma garota de 16 anos veio nos vender souvenirs. Perguntei quanto era 12 - 7 = ? Ela ficou por alguns instantes sem saber responder. Mudei a pergunta: 5 - 4 = ? Infelizmente ela não sabia. Como sempre, deve ser a mesma historia: nunca foi a escola; faz parte de uma familia enorme; trabalha para ajudar no sustento e uma hora vai achar um homem e repetir a mesma história. Assim vimos varias vezes esta cena na Índia.
Retornamos ao ponto de onibus para regressar a Agra logo após uma maré de criancas nos acercarem e oferecer suas bugigangas. Eles arranhavam espanhol e entendiam bem ingles. Tambem nunca foram a escola. Ruth perguntou a um deles. por que ele não ia a escola, pois era um garoto inteligente e esperto, e que estava perdendo tempo na rua, por que nao pedir para os pais para colocá-lo para estudar para ter melhores chances na vida? O menino respondeu que era uma boa idéia e que iria tentar.
Voltamos a Agra, jantamos e combinamos: proximo dia Taj Mahal 5:30 da manhã para fugir das enormes filas.

Décimo Primeiro Dia - Orcha, Gwalior e Agra

12 de agosto, quinta-feira - Tomamos uma decisão muito infeliz, ir de Orcha a estação de onibus de Jhansi e descobrimos que nao havia onibus direto a Agra, apenas onibus até Gwalior, metade do caminho e de lá para Agra teríamos que pegar outro onibus, resultando numa viagem no dobro do tempo que de trem. De Jhansi a Gwalior levava 4 horas para percorrer menos de 200 quilometros e mais 4 horas de Gwalior a Agra. Descobri depois que o motivo eram as más condições da estrada, hora cheia de buracos, hora apenas uma pista para ser compartilhada com veiculos vindos em mãos opostas.

Chegamos em Gwalior as 11 da manhã e Ruth queria ver visitar a fortaleza que havia na cidade. Eu não queria, e tambem Javier também não. Queriamos (eu e Javier) chegar o mais rápido possivel a Agra e ainda faltavam pelo menos mais 3 a 4 horas, mas acabamos decidindo ver a Fortaleza. Colocamos as malas no tuk-tuk e concordamos com o preço, 50 rúpias, pouco mais de R$2,00.

Chegando na entrada da Fortaleza o motorista disse que não tinha permissão para seguir adiante, e ai veio um baixinho gordo de certa idade (uns 50 anos) contando como chegar, o que pagar e o que iriamos ver, cercado de uns 10 indianos que riam de nós quando ele falava das coisas e preos. Diziam eles que não era permitido veículos de fora e que se quisessemos conhecer a Fortaleza, teríamos que pagar o equivalente há 800 rúpias, sendo 400 do veículo e 400 do guia, ou poderíamos ir caminhando por alguns quilometros até chegar lá. Aos poucos, devido a maneira confiante como ele falava, contando que era melhor estar com ele do que sozinhos, pois ninguém iria nos incomodar ou tentar vender algo, alem de afastar os batedores de carteira.

Depois de muito blablabla' disse que nao cobraria o servico de guia, mas que não perdessemos a oportunidade de conhecer o lugar, mas logo mudou de ideia e disse que cobraria apenas 600 rúpias por tudo.

Chegamos ao consenso eu Ruth e Javier. Finalmente subimos no carro dele já de saco cheio da conversa para conhecer a fortaleza, mas ao adentrar, oindiano disse: "Sei que voces sao boas pessoas, simples, mas de boa indole, entao quero avisar agora, que chegando lá, além dos valores de guia e carro, haverá uma taxa de 150 rupias por pessoa." Me levantei sem olhar para o Ruth e Javier e chamei o motorista do tuk-tuk que ainda estava no local para me levar de volta para a estação e não falei mais nada com o guia. Ruth e Javier me seguiram, Ruth revoltadíssima porque queria conhecer a Fortaleza e descontou a furia ao chegar no MacDonald's (porque não havia nenhum lugar descente para comer naquela cidade). Lembrando que estavamos mortos de fome e era 1 da tarde e não tivemos cafe-da-manha. Ruth não admitia o fato de que o cara estava nos enrolando e achava que o lugar era imperdível. Na minha cabeça, nada substituia a idéia de que os melhores fortes estavam no Rajastão (e depois descobri que estava certo) e que ali não era nada em especial. Porém não foi fácil suportar a cara fechada da Ruth, e pensei em abandonar o barco devido ao mau humor desnecessario, logo há dois dias de visitar o Taj Mahal.
Para variar o MacDonald's segue o padrão de servico indiano e demora 15 minutos para me entregar um hamburger vegetal, uma torta de pizza com queijo e um refrigerante. Impressiona que a lentidão nos serviços atingam até os fast-foods.

Voltamos a estação de onibus, e nas próximas 3 horas de onibus fomos mudos até Agra num clima pesado.

Chegamos em Agra e com o clima ainda pesado, tomei a dianteira e arranjei o tuk-tuk dizendo que nos deixassem na porta sul do Taj Mahal, por 50 rúpias (usando como base um local famoso para descer e de lá buscar sozinhos pelo meio de hospedagem evitando as altas taxas que são repassadas a pessoa que leva ao hotel). Ao chegar lá, o motorista queria saber aonde ficaríamos, e dissemos que não sabiamos. Reclamou que era pouco o que cobrou para nos levar, e eu já de saco cheio disse que fizesse o serviço bem feito ao invés de depender da grana de comissão de hotéis levando turistas. Saí de perto sem esperar a réplica.

O primeiro hotel era bom, com uma vista FABULOSA do Taj Mahal, porém na inspeção da Ruth, o banheiro não passou. O segundo queriam cobrar mais, umas 550 rúpias, e renegociei dizendo que pagariamos 400 porque ficariamos 2 noites ao inves de uma. Normalmente as pessoas se hospedam apenas uma noite e nós ficaríamos duas, portanto estes 400 multiplicados por 2 noites e multiplicados 2 quartos dariam 1600 rúpias. Se comparado com os 1050 rúpias que ganharia em uma noite para dois quarto, melhor aceitar. Acatou o dono do hotel, mesmo sem saber se Ruth confirmara ou não se ficaria com o quarto.

Desci e logo acertei tudo com o hotel a minha parte e informei a Ruth e Javier que eu ficaria ali, mas caso eles quisessem buscar algo, que ficassem livres, pois para mim o local estava de bom tamanho. Eles acabaram ficando.

Na mesma noite já havia feito os meus planos: dois dias dias depois pegaria o trem para Ajmer. Para evitar problemas com bilhetes, comprei com antecedencia. Comprei um bilhete para Ajmer, desistindo de Jaipur, local mais próximo devido ao excesso de assédio aos turistas por parte dos ambulantes, transito caótico, inúmeros mendigos.

Para jantar, fomos a um local e como de "praxe" na INCREDIBLE Índia (maneira como o governo indiano promove a Índia pelo mundo), leva geralmente 1 hora para chegar o prato que se pede. Jantamos (Ruth já mais calma) e planejamos que no dia seguinte iríamos a Fatephur Sikri. O plano inicial era ir ao Taj Mahal mas descobrimos que nas sextas-feiras é aberto apenas para muçulmanos.

Hora de descansar, que no dia seguinte haveria mais histórias para contar

Décimo dia - Orcha

11 de agosto, quarta-feira - saímos (Eu, Ruth e Javier) as 7 da manhã do hotel para a estação de onibus, para seguir viagem ate' Orcha. O onibus sai as 7:30 e a previsão era de deixar na estrada há 8 quilometros de Orcha e de lá pegar um tuk-tuk até a cidade. Ja' próximo da cidade, mas ainda distante do local para saltar do onibus, alguém (um indiano é claro) grita algo em hindi e eu num ataque de palhaçada resolvi responder berrando bem alto: ORCHA. Uma japonesa que estava em frente dá um salto e assustada começa desesperadamente a gritar: Orcha, Orcha, Orcha... Eu perdi a voz e não conseguia parar de rir da cara dela. Os meus amigos espanhóis tambem. Numa cena tragicomica, a japonesa vai perguntar ao motorista do onibus se era ja' Orcha e leva uma bronca e volta quietinha a sua poltrona. Dali adiante foram só risadas até chegar em Orcha.

Ao descer proximo a Orcha encontramos inúmeros tuk-tuks oferecendo o serviço de traslado até a cidade. Comecaram pedidno 300 rupias, mas como já tínhamos noção do preço, dissemos que pagaríamos apenas 60 rupias. Aí, outra espanhola que sequer havia nos dirigido a palavra quando tentamos comprimentá-la no onibus, veio com a maior cara de pau perguntando se queriamos dividir o tuk-tuk com ela e o marido. De cara os outros espanhóis (enfurecidos) disseram que não e seguimos caminhando pela pista em direção a cidade. Não deu um minuto, um tuk-tuk se voluntariou a levar-nos pelo preço por 60 rupias, ou seja R$3,00 por 8 quilometros. Subimos e percebemos que estes 8 quilometros foram excelente negócio pelo que pagamos.
Chegamos em Orcha e começamos a buscar um lugar. Fomos no primeiro hotel e a Ruth não gostou, fomos no segundo e eu tinha a certeza que mesmo pagando 400 rupias era um lugar descente e que valia a pena, mas ela ainda com a mentalidade do preço de Khajuraho, que saiu apenas 200 rupias num bom lugar, achava muito caro e queria procurar mais. Fomos a mais dois lugares, que nao agradaram a ninguem até que um rapaz de uma loja disse que havia um lugar por 200 rupias com excelente vista. Fomos até lá, na p.q.p., e depois de vinte minutos caminhando num sol de 35 graus com mala nas costas chegamos lá derretendo. O lugar era bom, bonito, mas a Ruth nao gostou do banheiro. Agora haviaum impasse, aonde ficar? Eu gostei do loca, achei que o preço estava excelente, mas a localização era horrível. Sugeri retornar ao segundo lugar, que havia sido o melhor e que eu faria toda a conversa para não parecer que estávamos nos rebaixando a eles.
Voltamos (depois de mais 20 minutos de caminhada no sol de torrar) e já de imediato perguntei na recepção se os dois quartos ainda estavam disponiveis por 350 e 400 rupias e ele confirmaram. "Entao passa a chave que aqui ficamos esta noite." Não deu nem tempo de eles querem tirarem sarro e já estavamos instalados.
Próxima parada: Fortaleza de Orcha. Por milagre começa a chover forte por uma hora, o que não acontecia há bastante tempo.



Palácio em que estão as melhores vistas e também o maior numero de indigentes na cidade

Depois que passou a chuva fomos a outro Palácio que era a construção mais alta da cidade. Infelizmente o local estava repleto de de mendigos habitando o lugar. Algumas pessoas que possuiam acesso pelas escadarias nos ofereceram um tour por 50 rúpias. Lá dentro viviam alguns moradores e era necessário subir umas escadarias escuras utilizando lanterna. Com receio de não saber o que poderia passar lá dentro, recusei. Javier e Ruth concordaram e de lá fomos buscar um local para jantar.


Peregrinos esperando a abertura do templo às 8 da noite para agradecer a chuva


Centro de Orcha

No caminho, Ruth tirava algumas fotos, e a maneira com que ela se abaixou, varios indianos ficaram olhando para suas nádegas. Não havia nada de mais, mas me pareceu estranho eles olhando, algo em torno de 10 a 13 homens (pessoas simples), até que um homem apareceu e disse algo em voz alta e em menos de um minutos eles se dispersaram.
Era muito estranha a cidade de Orcha porque NINGUÉM incomodava, NINGUÉM convidava para tomar chá, NINGUÉM forçava a visitar as lojas, NINGUÉM pedia esmola. Já havíamos notado que era terra de jagunços, alguns homens (que não eram policiais) passavam com algumas pistolas (da época do meu avo) e que dava a impressão que a cidade era dominada por algum poder paralelo, que coloca ordem na casa. Ficava muito claro que nao era a realidade da maior parte das cidades na Índia. Era muita tranquilidade para o turista, algo surreal para a Índia, mas melhor que o inferno de Varanasi.
Seguimos para o jantar. Não tive sorte com a água, e quando já tomava metade da minha garrafa, percebi que havia uma larva se mexendo lá dentro. Educadamente chamei o garçom e disse que não queria mais tomar água daquela garrafa, e e’ claro que ele não cobrou. Minha preocupacao à partir daquele momento era quando eu iria passar mal. Felizmente nos dias seguintes não me passou nada e acredito que criei alguns anticorpos graças a aquela água batizada..
À noite fomos ligar para Agra para tentar fazer reserva num hotel recomendado por outros espanhóis que háviamos conhecido em Varanasi, mas a qualidade das ligacoes telefonicas na Índia mais se parecem com comunicacao por radio de tanto chiado. O sotaque carregado do indiano falando ingles tambem não ajuda muito, e depois de tanto tentar, desistimos.
Ao sair do cybercafe, nos deparamos com uma cena que foi chocante. Inúmeros peregrinos (sempre vestidos de laranja, pois é sinal de que vem de fora),rolavam no chão, se levantavam, apontavam a jarra para o céu e se agachavam novamente, repetindo este movimento destes que saíram de casa até chegar ao templo, para agradecer a chegada da chuva. Chocava ver estas pessoas estao fazendo isso ha' dezenas de quilometros por algo impossível de comprovar a eficácia. Como provar que se sair de casa e rolar no asfalto por vários quilometros com uma jarra será possível agraciar aos deuses? Somente fé para motivar estas atitudes. Também soube neste dia que pelo menos uma vez ao ano o indiano deve ir em alguma peregrinação, o que demonstra a força da religião na vida destas pessoas.
Voltando ao hotel, uma garota jovem se voluntaria nos acompanhar e de pronto recusamos. A impressao que nos passou é que era uma prostituta, mas pelos traços físicos, não alcançava os 18 anos.

Dia seguinte seria a nossa peregrinação por mais lugares com mais confusões.

27 de ago. de 2010

Nono dia - Khajuraho

IMAGENS DESTA PÁGINA ESTÃO PROIBÍDAS PARA MENORES DE 18 ANOS.


KHAJURAHO E' FAMOSA PELAS ESTÁTUAS EM POSES SEXUAIS INSPIRADAS NO LIVRO DE KAMA SUTRA.

10 de agosto, terca-feira:chegamos a Khajuraho famintos e a base de água e salgadinhos. Não tivemos tempo de almoçar nem jantar em Varanasi No trem ofereceram jantar, mas como não sabiamos a procedencia da comida, não queríamos arriscar (Eu, Ruth e Javier).
Chegamos em Khajuraho e descobrimos um problema comum na Índia: falta de eletricidade. Por certas horas do dia há falta deenergia reta apenas esperar.

Resolvemos ficar num hotel recomendado pelo guia, chamado Zen. Um jardim matagal com algumas estátuas de Buda espalhadas juntos com flores de lotus. O quarto pelo menos era limpo. Os funcionários, um mais chato que o outro, em especial um que queria que fossemos a festa de aniversário de seu sobrinho, que seria naquele dia.

Já de cara e com falta de delicadeza disse que à noite eu estaria dormindo e que de dia vim conhecer os templos, obrigado pelo convite mas tchau e bença. Os espanhóis foram loucos de dizer que iriam. Como ainda fazia pouco tempo que eles estavam na India, a paciencia ainda era grande, mas descobríram que não se pode deixar dúvida aos indianos quando não quer fazer algo. A consequencia foi que a noite o “sarna” queria que eles fossem a festa do sobrinho de qualquer jeito. Como Javier estava com dor-de-barriga, disse que não iria, então na maior cara de pau, o rapaz do hotel disse que ao menos levaria Ruth. Javier encerrou a conversa, dizendo:”ela fica comigo e acabou”. O rapaz, meio que com cara de choro saiu triste por não levar os estrangeiros.

Ficava uma dúvida, seria mesmo aniversário do sobrinho dele? Nao seria este outro tipo de golpe em que se arma uma festinha para depois pedir dinheiro ao turista? No desespero que as pessoas estao na Índia, vai saber...

Khajuraho impressionou com templos bonitos e jardins bem cuidados. A história diz que a deusa estava carente e para agradá-la construiram nos templos entre estatuas de guerreiros, dancarinas,poses de ioga, algumas estatuas com poses sexuais baseadas no livro de Kama Sutra. O contraste e' enorme entre o templo visitado pelo turista no lado oeste da cidade e o adjacente para indianos. Uma grade separa o turista do indiano.De um lado, tudo e’limpo, do outro, um chiqueiro, cheio de lama, plantas, comida entre outras coisas jogadas no chão pelos peregrinos indianos.

Outro problema em Khajuraho é a quantidade de pessoas que querem conversar, convidar para tomar cha', que visite sua loja ou arrastar para o restaurante. E' um SACO. Porém os templos sao imperdiveis. A paisagem das pessoas andando no campo também.






    
    
    
    

Próxima parada: Orcha, 3 horas em onibus de Khajuraho.





Oitavo dia - Varanasi

ME TIREM DE VARANASI

9 de agosto, segunda-feira: Dia de Shiva. Neste dia Varanasi receberia ainda mais peregrinos que o normal. Não me pareceu boa notícia, mas em todo caso, eu para sair de Varanasi, primeiro precisaria comprar o bilhete de trem pela internet.
Meus planos eram ir de Varanasi a Bodhi Gaya, local em que Sidharta Gautama (Buda) alcançou a iluminação. Porém esta localizado ha 5 horas a leste de Varanasi e eu não me animava muito porque todos os outros locais que queria visitar estariam a oeste de Varanasi. Também queria sair desta cidade o mais rápido possivel. Cansado dos mosquitos, sujeira, vielas, vendedores e malandros, a minha única vontade era ser teletransportado daquele lugar para qualquer outro.
Pensando que teria que voltar a Varanasi para depois seguir para outro destino, desisti de Bodhi Gaya e comprei a passagem de trem para Khajuraho, mesmo local em que iam Javier e Ruth. Melhor viajar com alguém na Índia, que viajar sozinho. Em grupo voce não esta tão vulnerável quanto sozinho. É uma espécie de blindagem natural que evita aproximação indevida e quando tentam se aproximar, fica fácil ignorar.
Com Ruth e Javier indo a polícia fazer o registro de re-entrada, me restava passear pelos ghats (escadarias à beira do rio Ganges). Tinha aproximadamente 4 horas livres e decidi primeiro ver os corpos cremando. Alguns minutos depois já apareceria um chato para pedir dinheiro e apenas ignorei e me retirei deste local. Ao visitar outro local do mesmo ghat, apareceu novamente outra pessoa para querer explicar que era um enfermeiro dos velhos que ali estavam esperando para morrer e que eu doasse uma quantidade em dinheiro. Também me retiro alegando que já havia doado para outra pessoa que fazia a mesma coisa e decido ir a outro ghat ali próximo aonde ocorreu o espetáculo (ou cerimonia) no noite anterior.
Para evitar a mesma escadaria que havia caído no dia anterior, tentei ir por dentro das ruas, e me perdi. Um jovem oportunista se voluntariou a me ajudar mas eu disse que não, mas assim mesmo ele continuou me seguindo e distraindo. Cada vez eu me distanciava mais do ghat até que em certa altura perguntei a um policial e ele me disse para seguir aquele rapaz. Senti um pouco mais de confiança pela recomendação do policial, porém seguia em duvida se era este rapaz de confianca ou não por não pedir nada em troca. O meu instinto dizia que não. Até que um senhor gordinho e baixinho disse para mim que entrasse em sua loja, mas como não prestei atenção, entendi que alí era a entrada do ghat, e o rapaz gritou que não. Neste momento o senhor virou com a palma da mão na cara dele, e um e dois e tres tapas e logo veio mais gente linchar o garoto. Dei meia volta e me arranquei do local. Ainda retornando pelo caminho oposto, avistei um policial e informei que havia uma grande briga. Isso me deu mais tempo, e logo fui solicitando informações com os policiais como voltar para o Manikarnika Ghat.
Chegando lá, resolvi ficar pelo hotel até a chegada dos outros. Já havia visto o suficiente de Varanasi e não queria ficar lá mais.

Aproximadamente uma da tarde chegam Javier e Ruth e vamos juntos com outros espanhóis a estação de trem. Num calor infernal, pessoas deitam no chão da estação para esperar seus trens. Por sorte havia centro de recepção para turistas, com ar-condicionado. Lá nos sentamos e esperamos o nosso trem chegar as 4:30 da tarde. Pelo menos estávamos em um lugar confortável e tranquilo por 3 horas.


                                                     
 Subimos (Eu, Ruth e Javier) no trem meia horas antes de partir e depois fomos  descansar na cama ate' chegar em Khajuraho.

Sétimo dia - Varanasi

VARANASI: BENVINDOS AO INFERNO


8 de agosto, domingo - o dia comeca cedo, 5:30 estamos pegando o barco em um grupo de 13 pessoas. O guia, um jovem de 19 anos, que se diz BUSINESMAN e querendo se aparecer comeca a explicar sobre Varanasi enquanto vemos o nascer do sol de dentro do barco. Primeiro seguimos o rio e logo avistamos um corpo flutuando na beira do rio. Aí ele explica que apenas um lado de Varanasi e' ocupado, porque é a parte mais alta da cidade e que na época das monções o outro lado é inundado com a alta do rio. Lá também vão parar os corpos das pessoas e animais que são atirados nos rios.
                                                           O outro lado de Varanasi
Nascer do sol as 6 da manha.

Então nos explicou o guia que: apenas homens e mulheres normais são cremados porque são impuros. Crianças, deficientes, leprosos, mulheres grávidas são atirados no rio amarrados com uma pedra para afundar, porque estes são considerados seres puros. Os deficientes, acreditam eles que foram tocados pelos deuses, e por isso são seres especiais.


Ao passar pelo Manikarnika Ghat, avistamos quatro locais diferentes para cremar os corpos, um central, dois logo abaixo nos lados esquerdo e direito, e um ao final, na lama. Alí estão sendo representados as hierarquias das pessoas que serao cremadas. O mais rico, de uma casta superior será cremado acima, e ao final, lá embaixo, da casta inferior. Nao e' permitido tirar fotos deste Ghat por respeito as familias. Neste local, parece ponto de encontro, pessoas assistem aos corpos cremando, conversam, tomam cha' (chai) enquanto as lenhas do fogo eterno (segundo eles, ha' mais de 3000 anos e' o mesmo fogo utilizado para cremar os corpos) queimam aos cuidados dos "intocaveis", a mais baixa casta, que cuidam dos corpos para que depois as familias atirarem as cinzas no rio.


Vaca morta flutuando no Rio Ghanges

O principal motivo para morrer em Varanasi e' para encerrar o ciclo de reencarnações, segundo o hinduismo. Morrendo em Varanasi é a garantia de que não iram mais voltar a viver como nenhum tipo de ser vivo.

Próximo ao Manikarnika Ghat estão os prédios aonde os idosos esperam para morrem, em condicoes deploraveis, chamados de enfermarias. Algumas pessoas se dizem enfermeiros destes locais como desculpa para pedir dinheiro.
O tour acaba duas horas depois, mas antes o guia quis dar uma exibição querendo tomar a água do rio para provar que com ele não aconteceria nada, mas dissemos que não seria necessário. E'claro que quem cresceu ali, e além de tomar banho, bebe desta agua, terá anticorpos, mas ao turista que recém chegou, não creio que seria o ideal disfrutar desta água.

Neste tour consegui visualizar o que e' o Ghanges para os indianos. A melhor definição e' de uma praia para os indianos, local de entretenimento, porém tambem se usufrui para tomar banho, lavar a roupa e escovar os dentes nestas aguas. O mesmo local que as pessoas se divertem, e’o local que se despede dos familiares que se foram e também aonde se cumpre promessas após longas marchas caminhando até coletar a água do rio e despejar em uma estátua num templo.


E' o local em que várias pessoas vem pedir por chuvas e caminham quilometros desde suas casas para pegar um pouco de água para levar ao templo e de la' despejar numa lingam para pedir chuva aos deuses.

Atrasados, nos encontramos com os guias, um rapaz de 19 anos e outro de 14, que nos levaram a vários templos, nada impressionante, pelas ruas de Varanasi num calor infernal. Também nos levaram a um restaurante que tinha uma comida horrível (que os guias iriam ganhar comissão) e finalmente levaram a um alfaiate porque o casal de mexicanos queria se casar ao estilo hindu.

Neste dia os meninos ganharam o mes, considerando às comissões de restaurante e loja, mais o serviço. O combinado era pagar a eles 700 rúpias total, mas como estavamos em 13, decidimos pagar 100 rúpias cada um para eles. Eles, ao ver contar o dinheiro, não prestavam atenção no que falávamos, os olhos estavam apenas no dinheiro, como se eles tirassem os olhos dali seriam trapaceados. Após pagar um 700 e o outro 600, eles pediram que se no hotel perguntassem algo, que dissessemos que haviamos pago apenas 700 rupias. Assim e' a Índia.

Aos mexicanos restava esperar a roupa da festa do casamento (e pagar o Brama que os guias arranjaram) e eu, Javier e Ruth iríamos ao maior Ghat para assistir a uma cerimonia religiosa que ocorria durante o mes de agosto.Nada em especial, parecia uma apresentação para turistas, sem demonstração de fe', apenas uns rostos jovens dançando.

Ao retornar, já totalmente escuro e usando lanternas para reencontrar o caminho, escorreguei e por uns 4 ou 5 degraus fui rolando até parar no ultimo degrau do ghat antes de cair no rio. A calça e a camisa já tinha certeza do destino: LIXO.

No dia seguinte viria mais surpresas...