15 de agosto, domingo - chegamos em Ajmer, cidade mais próxima de Pushkar (que era nosso destino para aquele dia) com duas horas de atraso, mas pareceu um excelente idéia por ser 6 da manhã. As quatro da manhã, horário pervisto para nossa chegada seria uma péssima idéia porque os hotéis estariam fechados e ficaríamos na mão dos motoristas de táxi para escolher o local para ficarmos.
De cara, uma garota de Israel se aproximou enquanto eu buscava o vagão em que Ruth e Javier estavam perguntando para dividir o tuk-tuk. Assim que entrei no trem para buscar meus amigos, outras espanholas se juntaram a israelense e aí estávamos 6 pessoas, o que nos levou a compartilhar uma van até Pushkar. Resultado: 50 rupias para cada um (R$2,10) para ir em nosso próprio meio de transporte. Chegando na cidade não sabíamos que havia taxa de veículos para entrar e numa breve discussão entre o motorista e os espanhóis, eu e a israelense pagamos as 25 rúpias cada para não criar maiores problemas e adiantar a viagem.
Logo que chegamos, as duas espanholas que conhecemos na estação de trem, carregavam uma mala gigante e ficaram pelo primeiro hotel que apareceu na frente. A israelense seguiu mais um pouco e ficou em outro. Nós, Javier, Ruth e Eu, como já estávamos mais tempo juntos, seguiríamos juntos. Achamos um hotel recomendado por outros espanhóis e ficamos por 200 rúpias uma noite. Também limpo e aceitável.
Na saída do hotel havia cartazes explicando que naquela cidade era proibído consumir carne, beber alcool, e utilizar drogas. Porém escutei de um indiano em Agra dizendo que os israelenses estavam todos indo para Pushkar porque lá a polícia fazia vistas grossas quanto ao consumo de drogas.
Pelo que sei, os israelenses passam um longo tempo no exército, em um ambiente de extrema disciplina, portanto quando eles terminam o serviço militar obrigatório, saem pelo mundo a disfrutar e a aprontar. São os turistas mais odiados no Vietnam e Tailandia. Em Agra, vários hotéis recusam estes hóspedes, por bagunça e festas no meio da noite, além de brigas com outros hóspedes.
Saímos do hotel para tomar café da manhã. O serviço não foi tão lento, mas os pães que nos deram estavam todos (não um ou dois) embolorados. Aquele verde que não fizeram nem questão de esconder na torrada. Pelo menos o curd (iogurte) estava delicioso, com cereais e frutas secas. Recusamos a pagar pelos pães e fomos prontamente atendidos.
Visitamos rapidamente o Templo de Brama (um dos poucos existentes). Primeiro Ruth e Javier, porque teríamos que deixar os sapatos, cameras e mochilas com guardadores, então me voluntariei para cuidar das coisas para que eles possem primeiro e quando voltaram fui eu.
Nada de especial no templo, a não ser que todas as estátuas eram de Brama, representado com 4 rostos em direção norte,sul, leste e oeste.
Um problema que há em Pushkar são a quantidade de monges vigaristas e dentro do templo não seria diferente. É claro que passou isso com Ruth e Javier, que tentaram convidar para um ritual (PAGO é claro), mas saíram de mansinho do templo. Quando entrei, observei tudo e ao momento em que os monges tentaram se aproximar, saí do templo para reencontrar com eles. Ainda assim os "monges" tentaram chamar para conversar, mas ignoramos para não estragar nosso humor.
Chegamos aos Ghats (escadarias na beira do lago) e já havia sinais por todos os lados para não tirar fotografias das pessoas se banhando. Após ler isso, sentimos a hostilidade das pessoas locais que não perder a oportunidade de querer chamar a atenção e ser arrogante para qualquer coisa. Ruth teve que guardar a camera porque um saiu gritando que ela estava tirando foto das pessoas que se banhavam. Outro tentou provocar Javier e finalmente um tentou comigo porque ao caminhar ao lado do lago é preciso estar descalço e naquela local, que era bem maior que a distancia anunciada, mas com o calor próximo dos 40 graus, achei coerente por minha sandália, mas devido aos gritos daquele infeliz removi até um ponto mais isolado aonde não havia ninguém e também parecia que era parte da escadaria, que aí pode andar com algo nos pés.
Percebi que os indianos não são nada educados neste sentido, e mesmo pedindo desculpas, eles ainda ficam se achando perante os outros indianos ao redor. Não é a toa que as pessoas falam mal deles pelo mundo afora.
Ao ler uma de várias crônicas do livro Best of Lonely Planet Travel Writing, um norte-americano que foi parar na Cashemira em uma cidade isolada comentou com os indianos que assistiam a um filme pornô e perguntavam a ele:
- Como um homem podia levar uma vida normal nos EUA fazendo sexo com duas mulheres?
- Era normal?
- Era rotina?
Ele questionou os indianos:
- São os filmes de Bollywood o cotidiano da vida de um indiano normal?
- Saíam os indianos do nada dançando e cantando?
A resposta foi:
- Eu canto e danço todos os dias do nada.
Então o americano começou a dizer que tudo isso era normal, e que assim ocorria quando uma entregora de pizza bem "gostosona" batesse na porta, participaria de uma orgia com os donos da casa.
Ao passear pelos arredores do lago, decidimos procurar um local para almoçar recomendado pelo guia Lonely Planet. A sugestão era um local chamado Rainbow Restaurant. Não poderia ser melhor, com vista para o lago, opção de comer na mesa ou em colchões, optamos pelos colchões e tiramos uma soneca antes da comida chegar.
Quando a comida chegou, nan (semelhante ao pão sírio, com alho, ou queijo), havíamos pedido malay kofta, uma opção vegetariana de almondegas, com molho de tomate, além de macarrão e outros pratos ocidentais. Estávamos mais que alimentados, mas insistiu o dono do restaurante que provássemos um pedaço pequeno da sobremesa de bolo com um creme e côco. Não resistimos e pedimos sobremesa. Ao final pagamos cada um o equivalente à R$6,00 por um almoço inesquecível. Foi tão bom que retornamos à noite.
Como já havíamos conhecido toda a cidade, e fazia um calor de matar, aproveitei para ir a piscina de um hotel próximo pela bagatela de R$5,00 para nadar à tarde enquanto meus amigos espanhóis foram fazer compras.
À noite, nos reencontramos, reencontrei uns italianos que havia conhecido no aeroporto de Varanasi, e também jantamos. Ao final retornamos para o hotel para descansar e preparar-nos para a despedida.
Javier e Ruth iriam para o sul, numa cidade chamada Bundi, eu para o oeste, Jodhpur.
Neste dia não tirei nenhuma foto porque estava sem cartão de memória. Um dia antes, tentei enviar as fotos do Taj Mahal por e-mail e o computador literalmente desligou e não conseguia acessar mais as fotos. Então aproveitei apenas para disfrutar Pushkar, sem me preocupar em registrar perante as cameras. Perdi belas fotos, mas tenho as imagens só para mim.
Dia seguinte, Jodhpur, e um jovem curioso por perguntas sobre casamento e relacionamentos no Ocidente. Contarei mais detalhes no décimo quinto dia.
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