2 de set. de 2010

Décimo Quinto dia - Jodhpur

16 de agosto de 2010 -  saímos de Pushkar às 9:30 da manhã e chegamos na estação de onibus de Ajmer às 10:00. Como num toque de mágica, tivemos que nos despedir pois o onibus de Javier e Ruth estava partindo e foi como um susto a despedida: todos com os olhos cheios de lágrimas da excelente convivencia destes 8 dias. Segui como um louco para achar o clichê número dois para pegar o onibus par Jodhpur com A/C. Já não queria mais viajar com os onibus normais, colocando o limite de pessoas que poderiam entrar e se espremer dentro dos corredores. Felizmente consegui um bilhete e o onibus atrasou 20 minutos para sair o que deu tempo para que eu comprasse o bilhete e subisse.

 Já acomodado na minha poltrona, aproveitei para atualizar o diário. Percebi que um senhor e seu filho queriam conversar comigo, mas naquela hora estava um pouco cansado e queria apenas um pouco de silencio para poder me concentrar e escrever meu diário (que hoje utilizo de referencia para os dados que escrevo agora).

 Na primeira parada, almoço. Como não havia tomado café da manhã, aproveito para pedir uma samosa (cum folhado recheado de batata) e um chai, o chá indiano.
 Na volta, o rapaz em frente começa a conversar e o senhor ao lado com seu filho também entram na conversa. Aos poucos vou descobrindo que o rapaz é hindu e o senhor ao meu lado muçulmano. Mas o rapaz se supera e seguimos conversando e o senhor se cansa e dorme.


 Primeiro ele me explica como são os casamentos na Índia. Há um encontro entre as famílias, que devem ser da mesma casta, caso contrário, não há casamento. As famílias se intrometem muito na vida do casal, portanto, como uma família de comerciantes compartilharia a mesma casa que uma familia de varredores? Somente nos filmes.

 E o rapaz segue me contanto como foi o casamento de sua irmã mais velha, que veio ele escoltar para ver os pais que estavam em Jodhpur. Primeiro, houve um acordo entre as famílias. Depois neste primeiro e único encontro, os jovens acharam que valeria a pena o casamento. Então foi escolhida a data e feito os preparativos em um curto espaço de tempo (menos de 2 meses).

 Para a festa, compareceram mais de 2000 pessoas que comeram e beberam por dois dias, tres refeições por dia. O preço da festa: US$25000.00 (vinte e cinco mil dólares no total). Não me pareceu caro pela quantidade de gente e para fazer tudo aquilo. Porém para que consiga um número assim de pessoas, é preciso uma grande rede de contactos e uma família gigante. Como o pai era comerciante, foi possível convidar a tanta gente.

 Aos poucos o rapaz perde a timidez e começa a perguntar:
-"Voce e'casado?"
-"Voce casou por amor ou casamento arranjado?"
- "Voce tem filhos?"
- Eu tenho uma namorada, mas ela mora longe (como em todas as histórias de namoro que escutei na Índia)
- Já houve toques acalorados com minha namorada, e voce teve relações sexuais antes do casamento com sua esposa?""

 Aí a coisa passou do limite e ele levou um sermão:

- "Se voce quer  ser respeitado e ter amigos estrangeiros, não faça este tipo de pergunta, pois não é porque somos mais livres, que damos o direito de entrar na nossa intimidade. Isso chama-se respeito."

 E ele abaixou o pescoço e ligou o celular em música em tom alto para se mostrar. Disse de imediato a ele:

- "Não tem fone de ouvido?"
 - "Tenho."
 - "Então por que não usa?"
 - "É que não gosto do fone de ouvido!"
 - "Então desligue porque há pessoas dormindo ao nosso lado, e há outros que não querem escutar isso. O direito de um termina quando começa o do outro. Nos países avançados não é permitido nem atender ao celular no onibus. Faça o favor de respeitar os outros e desligue agora."

 E assim fui atendido, pelo rapaz de 19 anos. Estávamos quase chegando a Jodhpur, e tratei de arrancar informações preciosas de quanto custava os tuk-tuks para o Relógio no Centro da Cidade.

 Quando cheguei, me lembrei que estava encima da hora que precisava fazer cambio ou ficaria sem dinheiro naquele dia. Eram 3:30 da tarde, e consegui achar um banco as 3:50 da tarde e me informou que não fazia cambio, mas me mandaria para uma agencia de cambio, porém, primeiro teria que pegar um tuk-tuk e levaria uns 10 minutos. Por sorte o local fechava às 6 da tarde e na volta, desci na Torre do Relógio e fui caminhando até o centro velho de Jodhpur, todo pintado em azul.

Senti que alí iria gostar, e no primeiro hotel que parei, me levaram a outro, que estava excelente, com quarto amplo, limpo e por 200 rúpias a noite. Alí fiquei e aproveitei para descansar e apreciar a vista da terraça que estava em frente as muralhas da fortaleza no topo da cidade.


 No dia seguinte viriam excelentes histórias de dentro da fortaleza que conto no Décimo Sexto dia deste blog. 

2 comentários:

  1. Hera, li do primeiro ao último dia.. sua narrativa é muitoooo boa !!! Cara, q aventura hein.. Cade o 16 dia.. posta aí pra gente !!! Grande Abraço !!!!! P.S: não teria o menor pique de fazer esse seu roteiro hein.. E Sri Lanka é legal?

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  2. Maira Nichetti-Bustamante5 de setembro de 2010 às 10:37

    Adorei Hera! Great job!!!

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