16 de out. de 2010

Tunel do tempo: Guilin -Primeira parada na China - julho de 2007

 Para confundir ainda você, vou voltar no tempo e contar como cheguei a China. Era uma viagem de 90 dias pela Ásia, e primeiro era para conhecer apenas a Tailandia, mas depois o desejo foi aumentando para seguir ao Camboja, Vietnam, China e talvez Índia. Em Bangkok, dois meses antes havia tirado o visto para a China e para a Índia, mesmo sem saber se visitaria estes países.

 De Hanói, Vietnam, peguei um trem a Guilin, China. Me falaram que valia a pena e que era muito bonito, então fui. Cheguei lá as 2 da tarde após 22 horas de trem e levei o primeiro choque: poucas pessoas falavam inglês, mas até o final da tarde eu não havia encontrado ninguém que falasse um palavra. Na Tailandia, no Camboja e no Vietnam não havia nenhuma problema com a comunicação pois todos falavam um pouco de inglês e dependiam dos turistas estrangeiros como fonte de renda para o turismo, mas eu (por ignorancia) não sabia que a China possuia uma demanda interna suficiente para lotar hotéis e restaurantes, que não necessitava se preocupar com qualidade de serviço para os estrangeiros.

 E com o guia de viagens desatualizado, fui andando por várias quadras até chegar no hotel que eles recomendavam. Consegui um quarto compartido (mas que ninguém compartiu comigo) por 70 yuanes (US$10.00). Não tinha opção, não conhecia o país, a lingua e nem o preço das coisas.

 Comer em restaurantes, nem pensar, não tinha nem idéia do que era a comida porque estava apenas em idiogramas, nada em inglês. Pela primeira vez me senti um analfabeto e consegui entender o porque das pessoas ao não conseguirem se comunicar quando não tem idéia do que está a sua frente ficam acanhadas e simplesmente desistem de tentar comunicar.

 Para comer, eu escolhia uns noodles na rua e não sabia que era extremamente apimentado. O jeito foi tentar achar algumas confeitarias, mas como o gosto deles é diferente do gosto Ocidental, os folhados eram doces para as coisas que esperava que fossem salgadas, um choque de sabores.

Também no primeiro dia já aprendi os valores chineses, ao comprar em uma loja bambu comestível,me deram uma nota de 10 yuanes falsa. Ao utilizar em outra loja eles recusaram e fiquei com cara de malandro no local. Na fúria contra os chineses, repassei a nota no dia seguinte a uma chinesa que queria me vender refrigerante por preço bem acima do valor normal, como o önibus estava saindo, dei a nota a ela e peguei duas garrafas de chá de limão e subi no ônibus de volta a Guilin.

 Também no primeiro dia fiz a reserva de um tour de barco de Guilin a Yangshuo e no segundo dia quando peguei o barco, com duas francesas, descobrimos que ela uma furada. Primeiro, o barco não estava permitido a fazer o tour. Segundo, o local em que embarcamos não era o local prometido. Terceiro, para chegar a Yangshuo, tivemos que pegar um ônibus de linha normal e tivemos que pagar pelo bilhete. Resultado foi frustrante no primeiro local em que visitei, apesar de ser um dos locais mais bonitos da China.

 O prometido era saída do porto de Guilin e desembarque em Yangshuo, com passeio de 3 horas pelo rio Lijiang e almoço no barco, cheio de turistas chineses. Foi totalmente o contrário. Me ferrei pela segunda vez no mesmo dia.

 Segunda parada: Shenzhen. Um amigo espanhol que havia conhecido 3 anos atrás na Turquia estava vivendo em Shenzhen e aproveitei para visitá-lo.

7 de out. de 2010

Vigésimo Segundo, Terceiro e Quarto Dias

Segunda-feira, 23 de agosto de 2010 - aproveitei para ficar no quarto e fechar as malas até o horário limite, 10 da manhã. De lá fui ao cyber-café e aproveitei para me atualizar e ler as páginas de notícias, escrever e-mails, enviar fotos, etc.

 Ao almoçar, dois indianos sentam e querem saber mais detalhes sobre o meu ponto de vista sobre as mulheres no Ocidente, por que segundo eles, são todas imprestáveis. Com um discurso moralista, ele me pergunta por que as mulheres com mais de 40 anos vem a Índia, e contratam rapazes jovens de 16 a 19 anos, passam uma semana bebendo, transando, usando drogas e depois os rapazes viram dependentes e as mulheres voltam para suas casa e suas vidas estragando a vida dos jovens indianos.


 Já incrédulo de tanta asneira, decidi dizer algumas coisas a este dentista indiano:


- primeiro, numa sociedade machista como a Índia, em que as mulheres não tem autoridade, o que estão fazendo estes jovens com estas mulheres ocidentais? Cade a educação dos pais para ensiná-los o que é certo e o que é errado? O que faz bem e o que faz mal?

- segundo, se aqui são os homens que mandam, por que estão os jovens recebendo ordens das mulheres? Não são homens suficiente para se impor e dizer o que fazem e o que não fazem?


- finalmente, o problema não são as mulheres, mas os jovens que não tem o que fazer. Se tivessem alguma ocupação, não estariam de garotos de programas.


 O pau ia começar a quebrar, e havia um engenheiro indiano de 22 anos no meio escutando tudo e ao invés de concordar com o indiano começou a concordar comigo. Já estava de saco cheio das asneiras e não estava nem um pouco afim de que alguém viesse me dar lição de moral por algo que não tinha feito e nem tinha visto.


 Logo consegui mudar de assunto pois queria encerrar a conversa e partir para o hotel para as 4:30 da tarde pegar o trem a Delhi.

 Neste dia notei que meu ouvido esquerdo já não estava 100% e não escutava bem.


  Já no trem, conheci uma familia de indianos em o chefe da familia trabalhava em Delhi num excelente cargo do governo, e que eram de classe média alta. O senhor conversou sobre vários problemas que a Índia enfrenta hoje, a falta de controle de natalidade, que foi discutido na década de 70 mas que por pressão de grupos étnicos nunca foi levado a sério o projeto. Lamentavelmente hoje a Índia possui 1,1 bilhão de habitantes e em breve ultrapassará a China sem poder oferecer o mínimo para seus cidadãos.

 Também me contou que a Índia não estava preparada para recebe os Jogos da Amizade, devido aos recentes casos de corrupção entre membros do comite dos jogos. Ao final me explicou que o problemas das vacas nas ruas da Índia não é devido ao fato de ser sagrada, mas relaxo de seus donos que apenas recolhem à noite. Durante o dia as vacas ficam sujando e bloqueando as ruas além de se alimentar de lixo e para piorar as pessoas tomam o leite destas vacas.


 Ao conversar com a esposa, senti uma certa frustraçào. Ela era graduada em Magistratura, mas só sabia contar das coisas que o marido havia alcaçado na vida. Nós temos 2 carros, duas casas em Jaipur, uma casa em Délhi. Não tinha nada relevante para contar, exceto os bens materiais alcaçados durante a vida.


 Num ato de bom senso, troquei de lugar com uma de suas filhas para que a família pudesse estar viajando junta nas quatro camas da cabine e eu fui a cama que correspondia ao lado oposto.

 A cada momento momento a audiçào piorava mais, chegando ao final da viagem sem poder escutar nada do que as pessoas diziam no meu lado esquerdo.



Terça-feira, 24 de agosto de 2010 - cheguei em Délhi as 11:30 da manhã, mas não senti nenhuma atração pela cidade, que era apenas favelas e lixo ao redor dos trilhos do trem. Ao descer da estação de trem, fui imediatamente ao posto de táxis com tarifa fixa e fui direto ao aeroporto.


 Uma hora depois estava lá e pronto para entrar no aeroporto. Como procedimento normal na Índia e Sri Lanka, antes de entrar é necessário apresentar o bilhete. Lamentavelmente eu havia esquecido de imprimir o bilhete correto, pois eu havia mudado a data, e na reserva dizia que eu voaria dia 25 de agosto. Não permitiram a minha entrada e ainda me mandaram imprimir uma nova reserva no terminal antigo, que estava desativado e que estava localizado os escritórios das companhias aéreas.


 Ao chegar lá descobri que a Air Asia não possuia escritório. Fui solicitando informações para o pessoal e finalmente consegui uma pessoa de uma companhia aérea do Turcomenistão que deixou que eu imprimisse no escritório da companhia aérea que ele trabalhava.


 Voltei ao terminal 1 e novamente o segurança me informa que não poderia entrar no aeroporto antes de 6 horas do voo.Solicitei a gentileza que permitisse que entrasse pois não estava bem e que não tinha para onde ir, logo prefiriria esperar dentro do que fora do aeroporto. Para não perder a arrogancia, o segurança disse que uma vez dentro, não poderia mais sair do aeroporto.


 Logo fui ao balcão de informações solicitar por atendimento médico. Fui informado que um médico custava o equivalente há $6,00 para me inspecionar mais remédios. Pedi que viesse imediatamente. Dez minutos depois o médico chegou, mas disse que no meu caso ele não poderia fazer nada, apenas levar a um hospital, porém que não me preocupasse porque em 3 dias eu voltaria ao normal. Como não estava afim de sair dali para correr o risco de perder o voo, então agradeci esperei alí por 6 horas até pegar o voo.



Quarta-feira, 25 de agosto de 2010- cheguei cedinho em Kuala Lumpur na Malásia e tentei trocar o meu bilhete de Kuala Lumpur a Shenzhen, China das 4 da tarde para o voo das 6:30 da manhã. Lamentavelmente não consegui, então tinha um plano B, almoçar com a Ana (colega da época de faculdade) e seu esposo, Fernando, que estão vivendo lá há quase um ano.




Como já havia visitado ela no início da viagem, havia aprendido o caminho de metro para o edifício das torres do Petronas.  Visitei uma livraria e logo segui para o ponto de encontro.


Por sorte conseguimos encaixar os horários, e nos encontramos na Estação Sentral (é assim mesmo que se escreve) e almoçamos em um restaurante local e uma hora depois já estava de partida para o aeroporto.


Seguia surdo do ouvido esquerdo, mas o Fernando me havia contado que também teve este problema recentemente e aí fiquei menos assustado.


Cheguei com tempo no aeroporto e depois de 4 horas de voo de Kuala Lumpur a Shenzhen estava de volta nos braços da Fu Ling.


Quanto ao ouvido, fiz uma limpeza no hospital aqui na China, tomei antibióticos, e depois de uma semana, voltou ao normal.


OBRIGADO PELA SUA PACIENCIA ATÉ AQUI. ESPERO QUE VOCE POSSA DIVULGAR ESTE BLOG PARA OUTRAS PESSOAS QUE ESTEJAM CURIOSAS SOBRE O QUE EU VI E CONHECI NA ÍNDIA. EM BREVE COMEÇAREI A CONTAR AS HISTÓRIAS DAS CHINA.

Vigésimo Primeiro dia - Jaisalmer

Domingo 22 de agosto de 2010 - Estava na espectativa de Ruth e Javier que deveriam ter chego naquela manhã a Jaisalmer, mas o dono do hotel disse que infelizmente não havia encontrado eles na estação de trem. Eram 10 da manhã e achei estranho. Como não haviam vindo, fui a internet verificar se havia acontecido algo com eles. Retornei após o almoço e resolvi tirar uma "siesta". Lá pelas 3 da tarde escuto:
 - "Herita, estás durmiendo?"

 Então recepciono eles com aquela cara de cinderela adormecida, e logo me preparo para escutar as histórias deles e contar as minhas. Mal começamos a conversar, saímos para ver a cidade e tirar fotos. Eles não acreditavam que ainda iriam me ver na Índia, mas eu estava confiante que em Jaisalmer ainda nos encontraríamos.

 Eles havia agendado o tour de camelo por 2 dias e 1 noite e depois de Jaisalmer ainda restaria 9 dias. Eu, já estava na contagem regressiva, animadíssimo para o retorno a China.

 Passeamos pela fortaleza, relembramos algumas histórias, em especial a japonesa que saiu no onibus gritando Orcha, Orcha, Orcha, e logo fomos jantar em um restaurante que eu conhecia e sabia que eles iriam gostar.

 No restaurante logo após a chegada das comidas, percebemos que uns ratos resolveram de aparecer e desaparecer. Por 3 vezes eles numa velocidade incrível saíram e se esconderam. Não acreditando, chamei o garçom e expliquei e para que ele tomasse providencias. Não sei se não entendeu ou se fez de conta que não entendeu, mas no final da história, quem não apareceu mais foram os ratos.

Após o jantar a despedida, e novamente a sensação de que agora era certo que tardaria um pouco mais para nos vermos. Nos abraçamos e nos despedimos no que foi a melhor companhia desta viagem. Houveram falhas por todos os lados, mas sem a companhia deles, não teria aguentado sozinho a Índia. Creio que por sermos de países diferentes, mas com uma mesma lingua em comum, os gostos e os interesses parecidos fez nos aproximar tanto que a despedida foi mais dificil.

 Ao chegar próximo do hotel, percebo que um cachorro começa a rosnar e logo latir e resolve me atacar. Do outro lado aparece outro cachorro que avança sobre este e começam a brigar. Eu, só socava a porta do hotel que estava trancado para que abrissem o mais rápido possível, pois não queria um dia antes de partir ter que ir ao hospital tomar um reforço da vacina anti-rábica. Por sorte, escapei.

Décimo Oitavo, Nono e Vigésimo Dias - Deserto Thar





Quinta-feira, 19 de agosto de 2010 - estava consciente que a viagem estava chegando ao fim e que depois destes tres dias passeando pelo deserto Thar encima de um camelo, restaria apenas voltar a Delhi e de lá voltar a China. Tinha grandes espectativas com o passeio e apesar de ser barato, $18,00 por dia, incluindo alimentação e transporte (camelo), estava já em frente da agencia em que comprei o pacote às 6 da manhã. Logo depois chegaram um ingles e duas belgas.

 Após uma hora na estrada em direção ao Paquistão, (que ficava há 30 quilometros de onde estaríamos),adentramos ao deserto para o café da manhã com bolachas, nan (pão indiano) e chai (o chá indiano feito de gengibre, canela e açúcar).

 Eram já 8 da manhã e saímos com os camelos. As instruções eram ao momento em que o camelo começar a levantar, faça a coluna projetar para trás, caso contrário irá cair. Felizmente não caí, mas soube que uma vez uma turista holandesa quebrou o ombro na queda e tiveram que levar há uma cidade há 8 horas dali para receber o devido atendimento médico.
                  Se preparando para a minha primeira vez num camelo
                          Passado o sufoco da primeira vez

 Para a minha surpresa o deserto estava bastante verde, resultado das chuvas que não caíam com frequencia há 4 anos. As pessoas estavam felizes porque havia muita comida para os camelos, portanto um gasto a menos para o povo do deserto. Também era a melhor época para plantar, então não havia ninguém nas vilas que passamos porque estavam todos no campo trabalhando desde cedo até o sol raiar.
                       Deserto com uma aparencia mais verde
                              Me protegendo do sol
 Depois de duas horas andando no camelo, e as pernas doendo muito, acampamos debaixo de algumas árvoves enquanto os guias preparavam o almoço. Hora de dormir e descança pois o sol estava de rachar. Almoço simples, nada de carne, apenas batatas, e alguns outros vegetais cozinhados em molho curry e a àgua de procedencia desconhecida. Depois descobri que era de alguns rios de qualidade duvidosa, porém não me fez mal durante toda a viagem.

 Eram 3 da tarde, e fomos para mais duas horas de passeio encima de um camelo em direção a umas dunas. Passamos por algumas plantações e os guias resolveram entrar na plantação para cruzar em direção as dunas e levaram uma bronca dos nativos porque a cada local que os camelos passavam (no total seis camelos), destruíam com o que havia sido plantado.

  Chegamos nas dunas às 5:30 da tarde e era hora de preparar o jantar e era terrível a dor que eu sentia nas pernas. Mal conseguia andar. Felizmente um dos guias (um senhor de idade avançada e com enorme bigode) fez massagem e aliviou um pouco. Fui dar uma caminhada pelas dunas, tirar fotos e relaxar antes do jantar e lá pelas 10 da noite, eu já havia dormido.



                                O ingles e as belgas
                            O deserto que estava verde
        Com alguns ajustes na camera, a foto fica mais bonita que a realidade
Sempre se espera cenários maravilhosos, noites estreladas, algo místico ao dormir no deserto, porém não foi assim. O céu estava nublado, a cama nada mais era que um tapete que antes foi saco de agrotóxico, e o cobertor era outro saco grosso e pesado. No meio da noite houve uma tempestade de areia, e como todos nós dormíamos no relento, cameras, malas, óculos estavam cobertos de areia na manhã seguinte. No meio da noite a única coisa que se podia fazer era cobrir a cabeça debaixo do cobertor.

Sexta-feira, 20 de agosto de 2010 - Levantamos cedo, 7 da manhã e logo após o café da manhã, nan ( pão indiano) com alguns vegetais fritos e chai, seguimos das dunas para outro lado do deserto. Após uma hora montado no camelo, não aguentei e pedi para descer e fazer o resto do percurso até o almoço à pé. O guia não gostou muito, mas não queria nem saber. O único inconveniente era que as plantas tinham espinhos e ao final da caminhada tive que remover todos eles da calça, mas ainda assim era melhor que andar naquele camelo.

 Para quem já andou de cavalo, imagine que as pernas ficam suspensas o tempo todo, sem cela e que o ritmo do camelo é mais lento e o tempo todo voce fica com os braços e coluna tensos para manter o equilíbrio. Ao final da cavalgada são joelhos, braços e pernas com muita dor.

 Acampamos e já era o segundo dia sem banho e o corpo todo cheio de areia. A água que tomávamos era quente, apesar de ser água engarrafada e já sentia o desgaste.

 As garotas da Bélgica tinham comprado apenas o pacote de dois dias e logo após o almoço elas tinham que partir para pegar o trem às 4 da tarde. Nos despedimos e ficamos apenas eu e o ingles.

 Eram 3 da tarde, o sol já havia baixado e seguimos. Desta vez me deram um camelo melhor disciplinado e assim consegui aguentar todo o percurso até as dunas. Um dos guias também foi embora e assim eram dois guias para dois turistas. Fomos a uma fortaleza no meio do deserto que não havia nada em especial e logo seguimos para outras dunas no deserto Thar.

Acho chegar nas dunas, não estava tão cansado como no primeiro dia e aproveitei para tirar fotos do por-do-sol e esperar pelo jantar. Nestas dunas as vistas eram mais bonitas e felizmente não houve tempestade de areia naquela noite.


Preparando para a saída ou seja para a camelada

                            Aprendendo a fazer o turbante
                            Por-do-sol no segundo dia

Sábado, 21 de agosto de 2010 - levantamos animados porque naquele dia iríamos nos banhar em um lago. Para quem estava coberto de areia, um cheiro de suor que não tinha o que fazer, o banho no lago era o que mais queríamos. Chegamos próximo das 10 da manhã depois de uma hora e meia montados nos camelos e ficamos lá por 30 minutos. Todos, aproveitaram as oportunidade, sendo que os indianos entraram na água com roupa e tudo. Uma hora depois chegamos no acampamento, almoçamos e logo chegou o jipe para nos buscar e levar para a cidade. Nos despedimos dos guias, deixamos uma gorjeta de 2 dólares para cada um, além de eu ter dado um chapéu que tinha para um e uma camisa da seleção brasileira para o outro.

 Cheguei no hotel e a primeira coisa foi tomar um banho. Devido ao calor, queria tomar banho de água gelada, mas infelizmente até a água do chuveiro vinha quente. A Índia é realmente um país de contrastes, o que voce deseja virá ao contrário.

 Depois de lavar as roupas, o que dava para salvar, o resto foi jogado fora. Já era o momento de esvaziar a mochila (que já era pequena).

 Também no dia seguinte iria esperar pelos amigos espanhóis que haviam dito que chegaríam no domingo. O corpo já pedia por um dia de descanso e antes das 10 da noite já estava dormindo.

 Não havia mais tempo para nada. Segunda-feira retornaria para Delhi e terça-feira à noite pegaria o avião a Malásia e depois quarta-feira para a China.



 

12 de set. de 2010

Décimo Sétimo Dia - Jaisalmer

NEM SEMPRE CONSEGUIREI COLOCAR EM DIA O BLOG, PORÉM FAREI O MELHOR POSSÍVEL PARA ATUALIZAR SEMANALMENTE

18 de agosto, quarta-feira- Cheguei as 5 da manhã em Jaisalmer, última parada da viagem. Eram 4 e meia de manhã, e teria apenas que encontrar o pessoal do hotel que me esperaria em frente a estação. Felizmente não houve nenhum imprevisto, e na multidão de agentes tentando vender hotéis, logo encontrei o pessoal.

 Porém na noite anterior, um pouco antes do trem partir de Jodhpur, já alguns indianos tentaram persuadir para oferecer quartos nos hotéis. Um, tentou me intimar quando soube que já tinha hotel e não perdi tempo dizendo: "it's none of your business". O cara não gostou, mas sabendo que eu já tinha local para ficar, não viesse incomodar.

Havia conseguido o hotel por um excelente preço, US$4.50 por noite, porém não queria comprar o passeio de camelo deles, uma das condições que os hotéis oferecem para fazer o passeio de camelo. Na manhã, o dono do hotel veio oferecendo o passeio e disse que já havia comprado antes. O cara ficou muito bravo, mas disse que já havia pago, então não podia fazer nada. 

Fui conhecer a Fortaleza de Jaisalmer, que realmente impressiona pelas cores amareladas e também pelas ruas estreitas e ventiladas, propositalmente projetada para fazer sombra devido ao calor do deserto. 

 
Réplica da Fortaleza esculpida em uma pedra apenas
 Ruas projetadas para fazer sombra o dia todo

Ao almoçar, fui a um lugar chamado 9 de Julho, um restaurante em frente ao palácio so Marajá. O "serviço"era pior que dar patadas, depois que recusei a oferta de um suco de manga vindo de outra província, sem água ou gelo, 100% natural. A dona do restaurante anotou o meu pedido e arremeçou o menú numa cadeira. Ao olhar para ver o que se passou, uma americana me contou que havia passado o mesmo com ela ao dizer que não gostava de manga. O preço deste suco era 2 vezes mais caro que a minha refeição.

Fui acertar o passeio de camelo após o almoço e ao conversar com o dono da agencia, descobri que ele não sabia ler nem escrever. Ao assinar o contrato para o tour de camelo por 3 dias, eu tive que anotar os dados no contrato porque o dono da agencia Trotters nunca havia ido a escola. Expliquei a ele que se ele fosse a escola e aprendesse o básico, teria mais oportunidades com o negócio e também implementaria novas formas de divulgação do serviço. O preço do passeio, 750 rúpias por dia, ou seja algo em torno de US$18.
Ao final do dia fui conhecer o Palácio do Marajá, e logo na entrada também como no Palácio em Jodhpur, havia a marca da última vez em que a mulher do Marajá saiu do Palácio para atirar fogo no corpo após o falecimento do esposo pois é melhor se suicidar à viver à humilhação das pessoas que a rejeitarão.

Já no Palácio, pude entender o porque os guias não recomendam aos turistas se hospedarem dentro dos hotéis e comer nos restaurantes da Fortaleza. Como a Fortaleza é no meio do deserto, não possui condições de suportar muita água e atualmente  algumas partes estão desmoronando. Caso tenha mais interesse, este é o link para maiores detalhes: http://www.jaisalmer-in-jeopardy.org/

 Dentro do Palácio também havia um serviço de áudio-guia organizado pela mesma companhia que fez o áudio-tour da Fortaleza de Jodhpur, porém aqui não alcançou o mesmo impacto. Dentro da Fortaleza era possível avistar a fronteira com o Paquistão. Não há posto fronteriço entre os dois países naquela região, e o risco de morrer quem tentar cruzar é muito alto devido a minas na área desmilitarizada (espaço que separa os dois países).



 Para encerrar o dia, já eram 7:30 da noite, voltei ao hotel, jantei um arroz chamado byriani e logo fui dormir pois no dia seguinte teria que estar às 6 da manhã em frente a agencia para iniciar o tour de camelo.

PS: O que mais gostei nesta viagem foi tirar foto das pessoas. Eles também gostam que os turistas peçam para tirar fotos. Neste dia, havia várias famílias que vivem no deserto e que tiveram a oportunidade de ir a cidade para passear. Espero que voces gostem destas fotos tanto quanto eu.




6 de set. de 2010

Décimo Sexto dia - Jodhpur

NÃO DEIXE PARA AMANHÃ O QUE VOCÊ PODE FAZER HOJE
17 de agosto, terça-feira- quase todo dia eu fazia a média de gastos com comida, hospedagens e atrativos. Até o momento, excluindo as passagens de trem e avião, a média era de US$33.00 por dia, o que me deixava feliz pois não havia passado por nenhuma necessidade, exceto por algumas vezes não conseguir encontrar nenhum lugar descente para comer.

 Estava hospedado no hotel Pushp, simples, mas limpo e por 200 rúpias por noite. No dia em que cheguei no hotel, já avisei que queria um quarto não mais que 200 rúpias ou US$4.50 por noite e o rapaz que me levou disse para o dono que mostrasse o quarto de 200 rúpias, não o que acabei ficando, que ele acabou fazendo por aquele preço.

A vista no último andar lembrava muito as favelas no Rio de Janeiro, com crianças empinando pipa do topo de suas casas. No dia anterior já havia resolvido o bilhete de trem para Jaisalmer, mas estava em lista de espera. Como já haviam dito antes, até o número 15 da lista de espera, não há com que se preocupar porque eles dão um jeito. Eu era o número 5, então estava tranquilo.

 Na Índia, se você não se planejar e comprar bilhetes de trens com certa antecedencia, corre o risco de ficar no mesmo lugar por vários dias. Se for época de festival, prepare-se para ver o inferno, pois a multidão irá toda em trem. Felizmente hoje se pode comprar pela internet os bilhetes de trem, mas aos que viajaram antes desta facilidade, devem ter perdido muito tempo nas estações para conseguir comprar seus bilhetes.

Eram 7:30 da manhã e queria tomar um banho, mas nada de àgua. Descobri mais tarde que eles fecham o registro de àgua à noite e reabrem somente no outro dia. Não sei porque, mas acho que é por serem avarentos.

 Neste dia já estava equipado com meias. Parece ridículo, mas eu não conseguia comprar meias para os pés pelos lugares que havia passado. Finalmente em Jodhpur acabei encontrando. Estava viajando apenas com uma sandáliua Crocs, e com o excesso de suor, machucava os pés. Já tinha feridas por várias partes dos pés (talvez naquele momento já seriam patas), e a meia fez grande diferença. A dor havia passado e as passadas já eram mais rápidas.

 Outro problema destas sandálias é que elas não foram feitas para andar de bicicleta, ou para subir montanhas, então grande parte do solado havia ficado em Anuradhapura quando usei uma bicicleta por todo o dia e Sighiria quando subi os degraus de uma montanha.  Em Jodhpur, a sola da sandália já estava lisa.

Vista do Forte de Jodhpur desde o Hotel PushP

 Naquela manhã fui visitar o Forte em Jodhpur. Definitivamente o Forte mais bonito do Rajastão. Ao pagar pelo ingresso, optei pelo pacote que incluia o áudio-guia, que era recomendado pelo guia de viagens.  Junto com o áudio-guia de Waterloo na Bélgica, foram os dois melhores que escutei até hoje. Ele dá uma excelente panorama da história da família do Marajá proprietário do palácio e também do Palácio.
 Primeiro, já na entrada, explicam o porque ao entrar no Forte é necessário subir e não descer em direção ao portal, como mecanismo de segurança contra as invasões. Ao ter que subir por uma subida íngreme, elefantes perderiam o impulso para tentar derrubar o portão num eventual ataque.

 Também na entrada está a marca das mãos das esposas dos Marajás quando saíram do palácio pela última vez. Um fato lamentável da cultura indiana, ainda hoje as mulheres ao perder o marido, perdem o respeito na sociedade e preferem atirar fogo em seus corpos à viver numa sociedade que irá rejeitá-las.

Mais adiante é mostrado o trono em mármore aonde foi coroado o atual Marajá. Nascido em 1947, 4 anos depois teve que ser obrigado a assumir ao trono devido a morte precoce do seu pai em um acidente aéreo.

 No dia da coroação, após receber os presentes dos nobres ou primeira casta, vieram as pessoas mais simples ou segunda casta para presenteá-lo. Num ato espontâneo, o presente que ganhou da primeira pessoa, ele repassou a segunda, e o presente que ganhou da segunda pessoa, ele deu a terceira, e assim foi repassando os presentes a todos de classes mais humilde.


Trono em mármore em que ocorreu a coroação do atual Marajá de Jodhpur

Também há a sala de armas, carruagens, inúmeras vistas fabulosas da cidade de Jodhpur, local para ensinar a usar o turbante, astrólogo, vários pátios belíssimos e salas com piso em mármore branco e vidros de várias cores decorando a janela e transformando o ambiente num conto de fadas.


Carruagem que carregava o Marajá com quatro pessoas caminhando com as mesmas passadas para que a pessoa transportada não sentisse muito desconforto

Sala de Armas


Aposento do Marajá

Sala de Audiências

Vista de Jodhpur do Forte

Diz a lenda que os Deuses atiraram tinta azul do céu na cidade de Jodhpur

 Após a Constituição da década de 70, os Marajás tornaram-se pessoas comuns, sem poder político. Isso explica o por que de seus palácios serem abertos para visitação e suas moradias serem transformadas em hotéis de luxo. O Marajá de Jodhpur decidiu até hoje voltar aos trabalhos aos pobres, criando sua própria fundação, além de trabalhar em ONG's e manutenção e conservação de seu palácio.


 Pessoas vindas do interior do Rajastão para conhecer o palácio

Funcionário usando turbante

 Até a década de 90 seu palácio estava abandonado, sendo moradia de pássaros e morcegos. Hoje é declarado Patrimonio da Humanidade, após uma grande reforma no final da década de noventa.

 Após a visita com o áudio-guia, fui a um Palácio de Marmore há 1 quilometro do Forte, e que no áudio -guia chamavam de Mini Taj Mahal devido a quantidade de mármore branco utilizado na construção. Lindíssimo, porém 15 minutos são mais que suficientes para desfrutar o local.





À tarde veio uma chuva que durou 3 horas. Lá pude assistir várias pessoas de diferentes casas aproveitando a àgua que vinha do céu para banhar-se. É algo muito comum na Índia, quase como um ritual.




Durante a chuva, conversava com o rapaz que trabalhava no restaurante do hotel. Contei minhas histórias de Varanasi e Orcha, e o pobre inocente chorava de tanto rir. Ele em contrapartida me contou que não sabia nem ler nem escrever. Antes morava com a família no deserto e que fazia tours com camelos mas que queria tentar algo na cidade. Ele, além de inglês, arranhava um pouco de espanhol, francês e italiano. Seu sonho era casar com um européia e que o levasse para a Europa. Também contou que nunca teve uma namorada (ele já tinha 22 anos) e que uma vez passou em frente a um prostíbulo mas não teve coragem de entrar. Segundo ele as mulheres eram muito bonitas e se maquiavam, e pelo serviço cobravam US$2.50.

 Já era noite e me arranquei para estação de trem. Jodhpur foi uma cidade que passou uma excelente impressão e gostaria de voltar um dia.

 Na estação de trem, encontro um casal de espanhóis que conheci na estação de trem de Agra e eles estavam indo também a Jaisalmer.

 Próxima e última parada: Jaisalmer, uma cidade incrível, no meio do deserto.