Quinta-feira, 19 de agosto de 2010 - estava consciente que a viagem estava chegando ao fim e que depois destes tres dias passeando pelo deserto Thar encima de um camelo, restaria apenas voltar a Delhi e de lá voltar a China. Tinha grandes espectativas com o passeio e apesar de ser barato, $18,00 por dia, incluindo alimentação e transporte (camelo), estava já em frente da agencia em que comprei o pacote às 6 da manhã. Logo depois chegaram um ingles e duas belgas.
Após uma hora na estrada em direção ao Paquistão, (que ficava há 30 quilometros de onde estaríamos),adentramos ao deserto para o café da manhã com bolachas, nan (pão indiano) e chai (o chá indiano feito de gengibre, canela e açúcar).
Eram já 8 da manhã e saímos com os camelos. As instruções eram ao momento em que o camelo começar a levantar, faça a coluna projetar para trás, caso contrário irá cair. Felizmente não caí, mas soube que uma vez uma turista holandesa quebrou o ombro na queda e tiveram que levar há uma cidade há 8 horas dali para receber o devido atendimento médico.
Se preparando para a minha primeira vez num camelo
Passado o sufoco da primeira vez
Para a minha surpresa o deserto estava bastante verde, resultado das chuvas que não caíam com frequencia há 4 anos. As pessoas estavam felizes porque havia muita comida para os camelos, portanto um gasto a menos para o povo do deserto. Também era a melhor época para plantar, então não havia ninguém nas vilas que passamos porque estavam todos no campo trabalhando desde cedo até o sol raiar.
Deserto com uma aparencia mais verde
Me protegendo do sol
Depois de duas horas andando no camelo, e as pernas doendo muito, acampamos debaixo de algumas árvoves enquanto os guias preparavam o almoço. Hora de dormir e descança pois o sol estava de rachar. Almoço simples, nada de carne, apenas batatas, e alguns outros vegetais cozinhados em molho curry e a àgua de procedencia desconhecida. Depois descobri que era de alguns rios de qualidade duvidosa, porém não me fez mal durante toda a viagem.
Eram 3 da tarde, e fomos para mais duas horas de passeio encima de um camelo em direção a umas dunas. Passamos por algumas plantações e os guias resolveram entrar na plantação para cruzar em direção as dunas e levaram uma bronca dos nativos porque a cada local que os camelos passavam (no total seis camelos), destruíam com o que havia sido plantado.
Chegamos nas dunas às 5:30 da tarde e era hora de preparar o jantar e era terrível a dor que eu sentia nas pernas. Mal conseguia andar. Felizmente um dos guias (um senhor de idade avançada e com enorme bigode) fez massagem e aliviou um pouco. Fui dar uma caminhada pelas dunas, tirar fotos e relaxar antes do jantar e lá pelas 10 da noite, eu já havia dormido.
O ingles e as belgas
O deserto que estava verde
Com alguns ajustes na camera, a foto fica mais bonita que a realidade
Sempre se espera cenários maravilhosos, noites estreladas, algo místico ao dormir no deserto, porém não foi assim. O céu estava nublado, a cama nada mais era que um tapete que antes foi saco de agrotóxico, e o cobertor era outro saco grosso e pesado. No meio da noite houve uma tempestade de areia, e como todos nós dormíamos no relento, cameras, malas, óculos estavam cobertos de areia na manhã seguinte. No meio da noite a única coisa que se podia fazer era cobrir a cabeça debaixo do cobertor.
Sexta-feira, 20 de agosto de 2010 - Levantamos cedo, 7 da manhã e logo após o café da manhã, nan ( pão indiano) com alguns vegetais fritos e chai, seguimos das dunas para outro lado do deserto. Após uma hora montado no camelo, não aguentei e pedi para descer e fazer o resto do percurso até o almoço à pé. O guia não gostou muito, mas não queria nem saber. O único inconveniente era que as plantas tinham espinhos e ao final da caminhada tive que remover todos eles da calça, mas ainda assim era melhor que andar naquele camelo.
Para quem já andou de cavalo, imagine que as pernas ficam suspensas o tempo todo, sem cela e que o ritmo do camelo é mais lento e o tempo todo voce fica com os braços e coluna tensos para manter o equilíbrio. Ao final da cavalgada são joelhos, braços e pernas com muita dor.
Acampamos e já era o segundo dia sem banho e o corpo todo cheio de areia. A água que tomávamos era quente, apesar de ser água engarrafada e já sentia o desgaste.
As garotas da Bélgica tinham comprado apenas o pacote de dois dias e logo após o almoço elas tinham que partir para pegar o trem às 4 da tarde. Nos despedimos e ficamos apenas eu e o ingles.
Eram 3 da tarde, o sol já havia baixado e seguimos. Desta vez me deram um camelo melhor disciplinado e assim consegui aguentar todo o percurso até as dunas. Um dos guias também foi embora e assim eram dois guias para dois turistas. Fomos a uma fortaleza no meio do deserto que não havia nada em especial e logo seguimos para outras dunas no deserto Thar.
Acho chegar nas dunas, não estava tão cansado como no primeiro dia e aproveitei para tirar fotos do por-do-sol e esperar pelo jantar. Nestas dunas as vistas eram mais bonitas e felizmente não houve tempestade de areia naquela noite.
Preparando para a saída ou seja para a camelada
Aprendendo a fazer o turbante
Por-do-sol no segundo dia
Sábado, 21 de agosto de 2010 - levantamos animados porque naquele dia iríamos nos banhar em um lago. Para quem estava coberto de areia, um cheiro de suor que não tinha o que fazer, o banho no lago era o que mais queríamos. Chegamos próximo das 10 da manhã depois de uma hora e meia montados nos camelos e ficamos lá por 30 minutos. Todos, aproveitaram as oportunidade, sendo que os indianos entraram na água com roupa e tudo. Uma hora depois chegamos no acampamento, almoçamos e logo chegou o jipe para nos buscar e levar para a cidade. Nos despedimos dos guias, deixamos uma gorjeta de 2 dólares para cada um, além de eu ter dado um chapéu que tinha para um e uma camisa da seleção brasileira para o outro.
Cheguei no hotel e a primeira coisa foi tomar um banho. Devido ao calor, queria tomar banho de água gelada, mas infelizmente até a água do chuveiro vinha quente. A Índia é realmente um país de contrastes, o que voce deseja virá ao contrário.
Depois de lavar as roupas, o que dava para salvar, o resto foi jogado fora. Já era o momento de esvaziar a mochila (que já era pequena).
Também no dia seguinte iria esperar pelos amigos espanhóis que haviam dito que chegaríam no domingo. O corpo já pedia por um dia de descanso e antes das 10 da noite já estava dormindo.
Não havia mais tempo para nada. Segunda-feira retornaria para Delhi e terça-feira à noite pegaria o avião a Malásia e depois quarta-feira para a China.
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